Tentativa de Feminicídio em Jaboatão Expõe Urgência da Luta Contra a Violência Contra a Mulher em Pernambuco

Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, foi palco de uma chocante tentativa de feminicídio que reacende o debate sobre a persistente Violência Contra a Mulher em Pernambuco. Na última segunda-feira, 29 de maio, uma mulher de 43 anos foi brutalmente atacada a facadas por seu companheiro no bairro de Piedade. Durante a agressão, seu filho de 14 anos também foi ferido ao tentar defender a mãe, antes que o agressor fugisse do local.
A Polícia Civil, por meio da Força Tarefa de Homicídios da Região Metropolitana Sul, registrou o crime no mesmo dia, iniciando investigações sob a tipificação de tentativa de feminicídio e lesão corporal. A identidade do agressor não foi divulgada pelas autoridades. As vítimas foram prontamente socorridas e encaminhadas a uma unidade de saúde, cujos nomes e localização não foram revelados para preservar sua segurança e privacidade, dificultando a obtenção de informações atualizadas sobre seus estados de saúde. Este lamentável incidente sublinha a natureza insidiosa da violência doméstica e a necessidade de medidas mais eficazes de proteção e denúncia.
O Cenário Alarmente da Violência Doméstica no Estado
O caso de Piedade não é isolado e se insere em um contexto preocupante de Violência Contra a Mulher em Pernambuco. Os números e as histórias de tentativa de feminicídio e feminicídio consumado ecoam em todo o estado, destacando uma crise social que exige atenção e ação urgentes. De acordo com dados recentes, a cada dia, centenas de mulheres brasileiras são vítimas de agressões, e Pernambuco figura entre os estados com altos índices de violência doméstica.

A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), marco legislativo fundamental no combate à violência contra a mulher, estabelece mecanismos para prevenir, coibir e punir a violência doméstica e familiar. Contudo, apesar de seus avanços, a sua plena aplicação e a conscientização da população ainda são desafios. É crucial que a sociedade compreenda que a violência contra a mulher não é um problema privado, mas uma questão de saúde pública e direitos humanos, exigindo uma resposta coletiva.
Casos Recentes: Um Padrão de Brutalidade e Impunidade
O ano de 2025 já registra uma série de feminicídios em Pernambuco, que ilustram a gravidade da situação. Em fevereiro, Sheila Stefany Mendes da Silva, de 27 anos, foi brutalmente assassinada a facadas pelo ex-companheiro no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife. Testemunhas relataram à Polícia Civil que uma discussão banal culminou na trágica morte da jovem no local do crime. Este episódio ressalta o perigo frequentemente presente nas relações que terminam e o papel crucial da rede de apoio para evitar desfechos fatais.
Em maio, Sônia Cecília da Silva, de 61 anos, foi morta a facadas em sua própria residência em Paulista. O crime foi cometido por um conhecido da vítima, que fugiu mas foi rapidamente capturado em Goiana, a 45 quilômetros do local do assassinato, sendo autuado em flagrante por feminicídio. A rápida ação policial neste caso oferece um vislumbre de esperança na resposta do sistema de justiça, mas também evidencia a vulnerabilidade das mulheres em seus próprios lares.
Outro caso trágico ocorreu em Timbaúba, Zona da Mata Norte, onde Lindineide Maria de Lima, de 47 anos, foi morta a facadas pelo companheiro. Em um ato de desespero, o irmão da vítima tentou intervir, resultando em ferimentos para ambos. O agressor ainda tentou incendiar o imóvel antes de ser preso em flagrante por feminicídio e lesão corporal. Estes incidentes, um após o outro, demonstram a urgência de fortalecer as redes de segurança feminina e os canais de denúncia.
Onde Buscar Apoio: Redes de Acolhimento e Atendimento
Para as mulheres vítimas de violência doméstica e outras formas de Violência Contra a Mulher em Pernambuco, existem serviços essenciais que oferecem acolhimento e suporte multidisciplinar. No Recife, esses recursos são vitais:
- Centro de Referência Clarice Lispector: Localizado na Rua Doutor Silva Ferreira, 122, Santo Amaro, oferece atendimento 24 horas. É um ponto de apoio fundamental para mulheres em situação de risco, garantindo escuta qualificada e encaminhamentos adequados.
- Serviço Especializado e Regionalizado (SER) Clarice Lispector: Situado na Avenida Recife, 700, Areias, funciona de segunda a domingo, das 7h às 19h. Proporciona atendimento contínuo e especializado para as vítimas.
- Salas da Mulher: Presentes em cinco unidades do Compaz — Eduardo Campos (Alto Santa Terezinha), Ariano Suassuna (Cordeiro), Dom Hélder Câmara (Coque) e Paulo Freire (Ibura) — estes espaços oferecem suporte em diversas regiões da cidade, facilitando o acesso das vítimas aos serviços.
- Plantão WhatsApp: Com funcionamento 24 horas, o número (81) 99488-6138 é um canal direto e discreto para mulheres que precisam de orientação e ajuda imediata.
Canais de Denúncia: Sua Voz Pode Salvar Vidas
A denúncia de agressão é o primeiro passo para romper o ciclo da violência e garantir a segurança feminina. Em Pernambuco, diversos canais estão disponíveis para que vítimas e testemunhas possam buscar ajuda e proteção:
- Telefone 180 (Central de Atendimento à Mulher): Funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, incluindo feriados. É o principal canal para registrar denúncias de
violência contra a mulherem todo o Brasil. - Polícia Militar (190): Deve ser acionada imediatamente em casos de flagrante, quando o crime estiver ocorrendo ou houver risco iminente à vida da vítima.
- Disque-Denúncia da Polícia Civil (81) 3421-9595: Para o Grande Recife, este número permite denúncias anônimas, contribuindo para a investigação de crimes, incluindo
violência doméstica. - Ministério Público de Pernambuco (MPPE): Atendimento de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h, através de ligação gratuita para 0800.281.9455. O MPPE atua na fiscalização e na defesa dos direitos das vítimas.
- Ouvidoria da Mulher de Pernambuco: Pelo telefone 0800.281.8187, oferece um canal de comunicação direto para receber queixas, sugestões e denúncias relacionadas à
violência contra a mulher. - Delegacias da Mulher (DEAMs): Os endereços e telefones podem ser consultados no site do TJPE. As DEAMs são especializadas no atendimento a mulheres vítimas de
violência domésticae sexual, oferecendo acolhimento e investigação qualificada.
Conclusão: Um Chamado à Ação Coletiva
Os recentes eventos de Violência Contra a Mulher em Pernambuco, como a tentativa de feminicídio em Jaboatão, servem como um doloroso lembrete da persistência de um problema social que assola o estado e o país. A luta contra a violência doméstica e a promoção da segurança feminina exigem o engajamento de toda a sociedade. É fundamental que as vítimas saibam que não estão sozinhas e que existem redes de apoio e canais de denúncia prontos para ampará-las. A informação e a solidariedade são ferramentas poderosas para quebrar o ciclo da violência e construir um futuro mais seguro e justo para todas as mulheres em Pernambuco.
Perguntas Frequentes
- O que fazer ao presenciar um caso de violência doméstica?
- Se o perigo for imediato, ligue para a Polícia Militar (190). Se não houver risco iminente, denuncie pelos números 180 ou Disque-Denúncia (81) 3421-9595. Sua ação pode salvar uma vida.
- Quais são os tipos de violência previstos na Lei Maria da Penha?
- A Lei Maria da Penha abrange cinco formas de
violência contra a mulher: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Todas são crimes e devem ser denunciadas.
- A Lei Maria da Penha abrange cinco formas de
- Existe atendimento psicológico gratuito para vítimas de violência em Pernambuco?
- Sim, centros como o Clarice Lispector e as Salas da Mulher nas unidades Compaz oferecem atendimento multidisciplinar, incluindo suporte psicológico e social, sem custo para as vítimas. Procure o serviço mais próximo de você.








